quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

CÁRITAS PARTICIPA DA SEMANA DO CALOURO NA UEPA PARAGOMINAS




No campus VI da UEPA Paragominas nos dia 18 a 20 de fevereiro está acontecendo a Semana do Calouro, cujo objetivo é fazer com que os alunos dos cursos ( biologia, matemática, engenharia ambiental e designer) possa está interagindo com a comunidade nos mais variados assuntos ali discutidos.


 Na oportunidade o coordenador do campus VI, Samuel Campos saudou todos os alunos e convidados que estavam presentes, e em seguida a agente Cáritas, Cleciana Silva ministrou uma palestra sobre os Resíduos Sólidos Urbano com base num estudo geográfico de Edane Acioli, e trouxe também a experiências de acompanhamento aos catadores e catadoras de materiais recicláveis da COOPERCAMARE de Paragominas por meio do projeto Cataforte e Reciclando Vidas, ambos executados pela Cáritas Brasileira.

Na ocasião a Cleciana falou das dificuldades da cooperativa em acessar recursos do governo federal, e afirmou que não existe aterro sanitário controlado em Paragominas. E que embora o município tenha coleta do lixo, não existe coleta seletiva e que a cidade precisa criar um plano de resíduos sólidos municipal assim se adequando a lei de política de resíduos sólidos. 

Em seguida a mineradora Hydro fez uma apresentação de um vídeo institucional da empresa, através do senhor Emerson Oliveira, que palestrou sobre os “ Resíduos Sólidos industriais” no qual mostrou o plano de gerenciamento de resíduos através do plano de controle ambiental da Hydro.

A semana do calouro encerra hoje a noite com a noite cultural, onde haverá muita musica e diversão para os alunos que estão iniciando uma nova jornada no mundo acadêmico da UEPA.
Por: Fábio Jonior

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

5ª Semana Social Brasileira lança vídeo enfocado a força da juventude nos processos de mudanças do país



A coordenação da 5ª Semana Social Brasileira divulga mais um vídeo com o objetivo de mostrar o rosto jovem do Brasil. O vídeo pode ser visto no seguinte link: Clique aqui e assista ao vídeo. . Com uma população estimada em cerca de 53 milhões de habitantes, a juventude brasileira é parte essencial para a mudança das realidades que se buscam para um mundo melhor e mais justo.
"Muitos de nós estamos inseridos/as em diversas frentes de luta por questões relevantes para a juventude brasileira, mas é necessário provocar nos jovens o desejo especial por participar desta 5ª SSB, pois ela nos ajuda a aprofundar o que parece ser mais essencial, que é a discussão e a possibilidade de construção de um novo Estado. Precisamos compreender nosso papel fundamental no futuro, mas também no presente da sociedadebrasileira, construindo juntos/as este novo jeito”, convoca o folder da Semana.

Com base nos problemas enfrentados pelos jovens de todo o Brasil é que a 5ª SSB quer trazer para o debate o que vem sendo construído nos mais variados campos de organização promovidos pelas juventudes. Neste sentido, o vídeo quer mostrar a cara dos jovens, como eles se organizam e o que fazem participar de processo políticos e de transformação dos modelos que geram a morte de jovens.

De acordo com a organização da 5ª SSB os/as jovens devem ser entendidos/as também como sujeitos/as protagonistas da construção de uma sociedade de fato fraterna, justa e solidária. A parcela que mais sofre é a juventude, pois vive uma situação de desemprego, precarização do trabalho, educação precária, violência e extermínio, predominantemente a negra.

Nesse contexto, o maior responsável por essa situação que se encontra a juventude é o modelo desenvolvimentista implantado no Brasil, cujas bases encontram-se no modelo de produção e consumo capitalista-imperialista.

"Este modelo está baseado na acumulação do capital, especialmente pelos bancos e multinacionais, que aliados aos governos, promovem voraz ataque às riquezas e aoterritório, provocando injustiças socioambientais e o empobrecimento da juventude rural e urbana, em especial os jovens negros, mulheres e indígenas. Sabemos que o governo brasileiro tem avançado quando se trata de Juventude. Conseguimos, ao longo dos últimos anos, grandes conquistas, que só foram possíveis com a mobilização das organizações juvenis de todo o país”, expressa o material da Semana.

5ª Semana Social Brasileira

A 5ª SSB é um processo nacional que está em curso desde 2011 em todo o Brasil e promove a participação ampla de pessoas e entidades, a abertura ao ecumenismo e diálogo inter-religioso, o pluralismo de ideias e valores, o exercício do debate democrático em todas as instâncias e o ensaio coletivo de iniciativas transformadoras.

Agenda Juventude
• 2013: Campanha da Fraternidade "Fraternidade e Juventude”;
• Primeiro semestre de 2013: Seminários e Semanas Sociais Regionais;
• 23 a 28 de julho: Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro;
• 02 a 05 de setembro de 2013: Semana Social Brasileira, a nível nacional.

Mais informações acessar www.semanasocialbrasileira.org.br

Fonte: http://www.adital.com.br/jovem/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=73657



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Catadora de Materiais recicláveis perde a vida em um grave acidente no trânsito de Paragominas



A catadora Nezilma Batista, de 57 anos de idade foi atingida por uma máquina pesada tipo “pá carregadeira’ que descia a Rodovia dos Pioneiros, no bairro Jaderlândia,  no final da tarde de ontem, a mesma teve morte instantânea,  pois foi esmagada.

A catadora trabalhava na Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis do Município de Paragominas/PA – COOPERCAMARE há mais de 8 anos, Nezilma era querida pelo seu jeito calmo e amiga de todos,  a triste notícia abalou amigos, familiares e todos que presenciaram este acidente.

Nezilma participou do Projeto Reciclando Vidas e o curso de formação CATAFORTE, ambos executados pela Cáritas Brasileira, os agentes Cáritas Paragominas lamentaram a tragédia que tirou a vida da querida senhora, que sempre se mostrou forte e trabalhadora. A Cáritas prestou sua ultima homenagem estando presente, junto com a família e amigos neste momento de despedida.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu filho unigênito para que todo aquele que n'Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (João 3:16)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Carimbó resiste na Amazônia e quer ser reconhecido como patrimônio imaterial




Rodas de Carimbó contam uma parte da existência - e da resistência - cultural no Distrito de Icoaraci, no Pará, onde está localizado o Espaço Cultural Coisas de Negro. O Tambor de Crioula, do Maranhão, já foi reconhecido pelo Ministério da Cultura como patrimônio imaterial do Brasil. Agora, um coletivo realiza uma campanha para a concessão da mesma chancela ao carimbó.


A arte milenar da cerâmica marajoara produzida no bairro do Paracuri proporcionou uma visibilidade além rio-mar ao distrito de Icoaraci. Em tupi-guarani o nome significa "Mãe de todas as águas". Assim como outras regiões da cidade de Belém, a baía do Guajará circunda o lugar, ainda repleto de furos, igarapés e rios. O rio Paracuri é um deles, assim como o Maguari, o igarapé Livramento, e tantos outros, de onde é retirada a argila - cada vez mais rara - para a produção da cerâmica.

É tempo de chuva na Amazônia. A ausência de saneamento básico impede o acesso dos consumidores do artesanato até o centro produtor. Limite que é sanado com quiosques de venda na orla central do bairro. Além da arte marajoara e tapajônica, músicos de samba, rock, pop e carimbó ajudam a compor a cena cultural do lugar.

Vinte quilômetros separam o centro da capital do Pará do lugar. A esburacada e mal sinalizada rodovia Augusto Montenegro é a principal via que leva ao bucólico logradouro apelidado de “Vila Sorriso”. Edificações ligadas à Igreja Católica marcam o espaço da orla, repleta de restaurantes e vendedores de coco.

Já a abandonada Biblioteca Municipal Avertano Rocha é um resquício dos gloriosos anos do ciclo da borracha. O chalé integra o portfólio da arquitetura do século XIX do município.

O hiato social tem incrementado a violência ao redor. Em novembro de 2011, a chacina de seis adolescentes sem passagem pela polícia comoveu o distrito. Alguns suspeitos estão presos. Mas o caso continua uma incógnita.

O cais que recebe a produção de hortifrutigranjeiros e o pescado é o mesmo de onde é possível embarcar pra o arquipélago do Marajó, e ilhas mais próximas, como a de Cotijuba, que durante muito tempo abrigou o presídio do Estado. Uma viagem de menos de sessenta minutos de barco separa o distrito da ilha. A energia recentemente implantada trouxe mais conforto às pousadas, e incentivou a especulação imobiliária. No mesmo cais no mês de outubro ocorre a romaria fluvial que celebra Nossa Senhora de Nazaré.

Após vários processos históricos, desde os tempos das sesmarias, o distrito de Icoaraci foi instituído juridicamente na década de 1940. Vez em quando alguns setores do comércio e da política local ensaiam um movimento separatista de Belém. Enquanto isso não ocorre, na avenida Dr. Lopo de Castro, nº 1081, a cada domingo, há 13 anos, o Espaço Cultural Coisas de Negro celebra a cultura de matriz afroindígena com as rodas de carimbó.

A percussão é a coluna dorsal da manifestação de matriz afroindígena. Assim como o tambor de crioula do Maranhão, três tambores (curimbó) compõem o nipe percussivo ajudado por maracás. Cabe ao curimbó maior a marcação, enquanto os dois menores solam. Ao contrário da manifestação maranhense, no carimbó existem instrumentos de harmonia, como flauta transversal e banjo. Os grupos mais pop´s agrupam violão ou guitarra e baixo.

Homens e mulheres dançam em movimento circular. Cabe ao homem o galanteio. Na manifestação maranhense cabe às mulheres a dança, e aos homens a música e o canto. As vestes são similares. As mulheres sempre dançam de saia. A camisa de chitão florido é comum na indumentária dos homens nas duas manifestações.

A matriz rural é o elemento comum das atrações culturais nos dois estados. A região do Marajó e do Salgado (município de Marapanim em particular) são as referências de grupos de carimbó no Pará. Já no Maranhão a manifestação é encontrada nos bairros da periferia de São Luís, e em inúmeras áreas em várias regiões do estado marcadas por remanescentes de quilombo. Na periferia de Belém, no bairro da Terra Firme, migrantes maranhenses à Rua dos Pretos mobilizam-se em torno do tambor de crioula.

Espaço Cultural Coisas de Negro – espaço de (re) existência 
Os apêndices da história deixam claro o preconceito e a criminalização das manifestações culturais de matriz africana. Códigos de posturas de algumas cidades proibiam as rodas de capoeira e samba. Era coisa de malandro. Para (re) existir o samba ganhou o abrigo em terreiros de umbanda e candomblé, como no caso da Tia Ciata e apelou para o sincretismo. A visão obtusa de antes tem sido oxigenada em dias atuais por alguns segmentos neopentecostais.

Assim como os ancestrais, homens e mulheres negras ou não celebram a cada noite de domingo o carimbó. A casa do Coisas de Negro é modesta. O sobrado recentemente passou por uma reforma. A ornamentação faz referência às culturas africana e amazônica.

A seleção em prêmio do edital de Culturas Populares Mestre Humberto de Maracanã (cantos de bumba-meu-boi do Maranhão), promovido pelo Ministério da Cultura realizado em 2008 possibilitou a reforma. O projeto foi contemplado na categoria Grupos Tradicionais Informais. A iniciativa contou com a ajuda da jornalista e produtora cultural Luciane Bessa, lembra o proprietário do espaço, Raimundo Piedade da Silva, mais conhecido como Nego Ray. Um senhor de média idade de estatura mediana.

O Coisas de Negro – entre o rústico e o haiteck. O espaço cultural apresenta um ambiente rústico. Peças de cerâmica, raízes de plantas secas, sementes e fotografias dos grupos de carimbó impressas em lona de caminhão adornam as paredes com textura de argila.

Nos rituais de domingo, na parede acima do palco filmes sobre cultura popular e curtas-metragens produzidos no Pará são exibidos. O documentário Salve Verequete, falecido mestre do carimbó, não deixa de ser exibido. O cineasta Luiz Arnaldo assina o registro sobre a trajetória de um dos protagonistas da arte popular do Estado. O negro esguio morreu doente e pobre. Somente no fim da vida contou com uma ajuda pecuniária da prefeitura de Belém. Para sobreviver vendia churrasquinho. A sina de Verequete é comum entre os artífices do gênero. A mesma trilha teve o mestre Bento.

Internet, carimbó e cidadania 
Talvez nenhum mestre tenha imaginado que as rodas de carimbó ganhariam o mundo. Hoje elas são transmitidas ao vivo via internet. O Carimbó.Net também contou com a participação de Luciane Bessa.O empreendimento que começou no espaço cultural, hoje é projeto de extensão da Universidade Federal do Pará (UFPA). Ele conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (Fapespa), através do Edital Ações Colaborativas para a Cidadania Digital, lançado em 2009.

A iniciativa proporcionou ao Espaço Coisas de Negro a oportunidade de ministrar oficinas de confecção e percussão de instrumentos para jovens, além de trabalhar com software livre e gravação de CD. Os frutos desse projeto podem ser acessados nas redes sociais.

Nego Ray relembra a experiência que o projeto possibilitou ao visitar uma comunidade quilombola Laranjituba, localizada no município de Moju, norte do Estado. “Tivemos a felicidade de gravar a voz de um cidadão de 87 anos de idade, Mestre Jorge que canta carimbó. Nós levamos todo nosso equipamento de som. Conseguimos captar o som dele e reproduzimos na hora o CD. Já tínhamos feito a capa e entregamos para ele,” conta emocionado.

Ray sublinha que o Mestre Jorge ao ouvir a sua música sendo tocada pela primeira vez parecia criança dançando. A equipe ficou maravilhada com aquilo. Acompanhando o mestre vendo todo o processo e se ouvindo, foi muito bacana, arremata.

Coisas de Negro – os primeiros passos 
No início o espaço cultural era um bar. O proprietário explica que o local existe há 21 anos. E que desde o início das rodas de carimbó passou a ser denominado de espaço cultural. O repertório musical era composto de voz e violão ao vivo sempre as sextas-feiras. E a execução de vinis.

Ray relata que as rodas de carimbó começaram com a apresentação do grupo ‘Curuperê’. Ele recorda que um grupo de pessoas ligadas à música o procurou. Eles tinham interesse em apresentar o trabalho que era voltado ao carimbó. Fui convidado a participar. E assim começamos a trabalhar em cima do repertório autoral.

A partir daí outros grupos parafolclórico começaram a se apresentar no espaço. A iniciativa trouxe resultados. Outros locais também começaram a promover as rodas de carimbó. Até então a divulgação do carimbó era restrita a períodos festivos. “Antes as apresentações do carimbó ficavam confinadas às festividades da quadra junina. Com essa nossa atitude de fazer as rodas aos domingos, as pessoas começaram a aceitar mais o ritmo regional. Hoje a dança aparece até no horário nobre da televisão, mas foi necessário que alguém, não só a gente, mas as pessoas que nunca deixaram de acreditar que um dia essa música iria chegar onde está começando a chegar. Bem como a teimosia dos grandes mestres que não estão mais aqui” afirma Nego Ray.

Hibridismo cultural é Coisa de Negro
“Não há conflito entre o regional e o ‘de fora’, pelo contrário, há um encontro que proporciona uma nova expressão cultural. O hibridismo, longe de ser visto como uma deturpação da cultura popular é considerado enriquecedor das práticas culturais por esse segmento que conheceu o carimbó por meio do Mundé”.

Esta frase, estampada em lona, ornamenta uma das paredes do Espaço Coisas de Negro. Quem entra rapidamente percebe que a energia do local congrega diversos campos culturais. Nego Ray explica, “Uma coisa que a gente percebe aqui é a mudança de comportamento das pessoas. As que são voltadas para outras tendências musicais, quando adentram no “Coisas de Negro” começam a se integrar. As meninas do rock que já vêm aqui e vestem as suas saias.”.

O jornalista Ismael Machado sugeriu ao Nego Ray o projeto Coisas do Rock. Na época estiveram no palco as bandas, Arcano 19, Cravo Carbono e Norman Bates. “Retornamos agora, tem um ou dois anos com apresentações de grupos de rock. No dia 2 de fevereiro teremos The Smiths Cover e Los Hermanos Cover. Além dessa apresentação, antes teremos no dia primeiro de fevereiro o Buscapé Blues, com uma apresentação de música autoral” explica Ray.

O espaço cultural sempre esteve aberto a outros ritmos e estilos, mas não é só o local que congrega outras influências musicais. O grupo de carimbó Mundé Qultural é prova dessa efervescência contemporânea. Utilizando instrumentos como a guitarra, o baixo e percuteria, este último criado pelo próprio grupo é um conjunto de instrumentos como: prato, banjo, alfaia, pandeiro e caixa de bateria.

O grupo mescla experimentações sonoras envolvendo o popular e o contemporâneo. Nego Ray fala que eles deram uma nova roupagem à música ‘Moleque do Paracuri’ da banda Novos Camaleões, “Fizemos um arranjo bem legal, uma pitada regional com uma linguagem rock ‘n roll”. A mesma linha segue o grupo Lauvaite Penoso. Algo que lembra a turma que envenenou a cena cultural do Recife na década de 1990, isto para não falar de Raul Seixas, Mutantes e a Tropicália.

Hoje, o Espaço Coisas de Negro abriga as mais diversas tendências e experimentações sonoras. Para Nego Ray a procura das pessoas pelo espaço denota uma carência de locais para a música autoral. “O que eu vejo hoje no ‘Coisas de Negro’ era o que um tempo atrás acontecia no teatro Waldemar Henrique. O teatro abria as portas para que as pessoas pudessem fazer as suas experiências musicais”.

Trio Chamote – direto da costela do Coisas de Negro
O ensaio começou umas 7hs da noite. A batida leve na baqueta e o contar do “1, 2, 3, e...” marca mais um recomeço da música que está sendo ensaiada. O local é no Espaço Cultura Coisas de Negro e o celular grava o áudio do ensaio. O ritmo é o lundu. Também de matriz africana. Ao contrário do carimbó a sonoridade é marcada pela suavidade e a cadência em pausas leves e fortes marcadas pelo batuque. No caso é tocado no bumbo da bateria. A dança é um ritual de sedução.

O ambiente ‘Coisas de Negro’ inspira musicalidade e o espaço também contribui para o surgimento de novas parcerias, a partir de encontros e vivências com pessoas e grupos musicais plurais, como a diversidade do Trio Chamote.

Composto por Silvio Barbosa (sopro), Luizinho Lins (banjo) e Charles Matos (bateria), eles utilizam o espaço para ensaiar as cinco músicas já criadas. O trio irá se apresentar oficialmente no Teatro Waldemar Henrique na abertura do show do guitarrista Pio Lobato. Data a confirmar.

Chamote e Coisas de Negro
O Trio ainda é novo, os músicos é que são velhos conhecidos do ambiente, desde os tempos do nascimento das rodas de carimbó. Todos moram em Icoaraci. O nome do Trio vem de um dos processos de produção artesanal da cerâmica. Chamote é o nome dado aos restos de cacos de peças antigas da cerâmica marajoara, que são aproveitadas e misturadas ao barro natural para a criação de novas peças.

É desta realidade cotidiana e de vivências que os músicos criaram o estilo do trio. Charles, autodidata com 22 anos entre baquetas e pratos explica o som que produzem: “O Chamote surgiu de um sonho antigo de trabalhar a música regional folclórica inserindo uma roupagem contemporânea, com efeitos sonoros e linguagem jazzística, que consiste na improvisação musical”.

Luizinho explica que o Espaço Coisas de Negro também ajudou a construir o Chamote “Aqui a gente busca conceito, tem as rodas de carimbó, todo esse ambiente ajuda a compor”.

A construção do conceito musical do Chamote partiu de algumas coincidências. Todos os integrantes possuem pesquisas distintas sobre os instrumentos que tocam e ritmos amazônicos, contempladas com bolsa de estudo no Instituto de Artes do Pará (IAP). O horizonte de trabalhar com ritmos regionais mesclando uma pegada mais contemporânea foi o que os uniu.

O espaço Coisas de Negro foi determinante para o encontro e a realização do projeto, como afirma Silvio, “Talvez se não fosse o ‘Coisas de Negro’ o Chamote não iria se formar. Os ensaios no espaço, a convivência nas rodas de carimbó e a troca de impressões com o Ray ajudaram a cimentar a ideia” pondera o músico.

Luizinho confirma: “Se eu estivesse em outro espaço, talvez eu estaria tocando com outro grupo, e só tocando, não estaria fazendo experimentação sonora”.

Para o artista, a relação que se dá no espaço é de solidariedade, “Quando o Ray cede o espaço para gente ensaiar não é necessário uma assinatura em papel, e toda essa formalidade, as relações são baseadas no aperto de mão”.

Cultura popular como patrimônio imaterial do Brasil
O Tambor de Crioula, o primo do Maranhão já foi reconhecido pelo Ministério da Cultura como patrimônio imaterial do Brasil. No Pará um coletivo realiza uma campanha para a concessão da mesma chancela ao carimbó. Autores e intelectuais atuam em frentes diferentes.

Uns tratam da burocracia, enquanto outros organizam memorial sobre os grupos e nomes relevantes de mestres do ritmo, onde flutuam Verequete, Lucindo, Dico, Cizico e Bento, entre outros. E organizam eventos dentro e fora do estado.

A cada domingo, além do Coisas de Negro, os ancestrais são festejados por percussionistas nas manhãs da Praça da República, no Centro de Belém. Ali entre mangueiras, e próximo ao cheio de pompa e circunstâncias Teatro da Paz, não raro os músicos entoam a canção mais popular do gênero: “Chama Verequete! Velejar. Velejar”.


*Lilian Campelo é jornalista. A folkcomunicação foi o tema de seu trabalho de conclusão de curso. Rogério Almeida é autor do livro "Pororoca pequena - marolinhas sobre a(s) Amazônia (s) de cá". 

Fotos: Rogério Almeida 
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21571

COMO ENVENENAR CRIANÇAS


COMO ENVENENAR CRIANÇAS

Frei Betto

Muito além do peso, documentário de Estela Renner e produção de Marcos Nisti, é obrigatório ser visto em escolas e famílias. Jamais tive conhecimento de um filme tão pedagógico quanto à alimentação infantil.

Nossas crianças estão sendo silenciosamente envenenadas por ingerirem bebidas e comidas nocivas. Todas amplamente anunciadas na TV e na internet, de modo a criar hábitos perenes de consumo.

Embora a legislação de muitos países já proíba publicidade de alimentos prejudiciais à saúde das crianças, como são os casos do Chile, da França e do Reino Unido, o governo brasileiro teima em ficar submisso à pressão das empresas produtoras. Reluta em assegurar qualidade de vida à nossa população. Enquanto a Vigilância Sanitária libera, o Ministério da Saúde arca com os bilhões de reais gastos em doenças evitáveis.

Pesquisas indicam que os produtos expostos à publicidade chegam a ter suas vendas aumentadas em 134%.

No Brasil, 30% das crianças apresentam sobrepeso e 15% delas já são obesas. Cresce de modo alarmante a incidência de obesidade infantil, colesterol alto, distúrbios glandulares, diabetes tipo 2, cânceres, sem que se consiga dar um basta à indústria do envenenamento saboroso.

Há escolas que, inclusive, abrem suas portas aos atrativos de redes de lanchonetes, sem consciência de que a qualidade do alimento oferecido equivale a deixar entrar um assassino portando armas. A diferença é que o alimento nocivo mata lentamente e causa maior e mais longo sofrimento.

Estes dados falam por si: uma embalagem de 300g de sucrilhos contém 120g de açúcar. Ou seja, 40% do produto é puro açúcar. Uma garrafa de 1 litro de bebida láctea contém 165g de açúcar. É como ingerir um copo americano repleto de açúcar.

Uma lata de 350ml de refrigerante cor da roupa do Papai Noel contém 37g de açúcar, o que equivale a 7 saquinhos de açúcar, desses oferecidos nos bares para adoçar o cafezinho. Se a criança toma uma lata por dia, em uma semana serão 259g de açúcar. Em um mês, pouco mais de 1kg de açúcar.

O brasileiro consome 51kg de açúcar por ano. São mais de 4kg por pessoa a cada mês. No mundo, 35 milhões de pessoas morrem por ano devido ao consumo excessivo de açúcar.

Uma caixa de 355ml de suco de uva contém 48g de açúcar, o que equivale a 9 saquinhos de açúcar.

Um pacote de 200g de batatas fritas contém 77g de gordura. Ou seja, 38,5% do produto são pura gordura. É como ingerir meio copo americano de óleo para frituras.

Um pacote de 154g de bolachas contém 30g de gordura e 50g de açúcar. Ou seja, 50% do produto são de substâncias prejudiciais à saúde.

Um tubo de biscoito recheado contém 30g de gordura e 50g de açúcar, o que equivale ao consumo de 8 pãezinhos franceses.

Uma caixa de 200ml de achocolatado e um pacote de 400g de vitamina instântanea contêm, cada um, 29g de açúcar. O que equivale a 6 saquinhos de açúcar.

Um pote de 400g de farinha láctea contém 146g de açúcar. Ou seja, 36,5% são puro açúcar. Uma garrafa de 2 litros de suco de uva contém 270g de açúcar (equivalente a ingerir 1 copo e ½ de açúcar) e apenas 10% de sumo de uva. A caixa de 1 litro do mesmo suco contém 145g de açúcar, equivalente a um copo repleto de açúcar.

Um pacote de 35g de suco em pó contém 28g de açúcar e 1% de fruta. Ou seja, 80% do produto são puro açúcar.

Nas embalagens quase nunca aparece a palavra açúcar. É substituída por carboidrato.

Há crianças que consomem, por dia, 250 calorias em produtos açucarados. Basta ingerir 100 calorias para engordar 4 quilos por ano. E é bom lembrar que, hoje em dia, as crianças são mais sedentárias, pulam e brincam menos, o que favorece a engorda.

Nossas escolas ensinam quase tudo, menos educação nutricional. Ninguém recorre todos os dias a seus conhecimentos de história ou química, faz operações algébricas ou fala em idioma estrangeiro. No entanto, todos nós comemos várias vezes ao dia. E, em geral, o fazemos sem critério e noção de como o organismo reage aos alimentos, e em que medida são benéficos ou prejudiciais à nossa saúde.

A 18 de dezembro, a Assembleia Legislativa de SP aprovou dois importantes projetos de lei: proibir a venda de lanches associados a oferta de brindes ou brinquedos, e a publicidade de alimentos e bebidas não saudáveis (pobres em nutrientes e com alto teor de açúcar, gorduras saturadas ou sódio) em TVs e rádios das 6h às 21h, e em qualquer horário nas escolas públicas e particulares. Espera-se que o governador Geraldo Alckmin sancione os dois projetos pioneiros para o combate à obesidade infantil no Brasil.

Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Maria Stella Libanio Christo, de Saborosa viagem pelo Brasil (Mercuryo Jovem), entre outros livros.

http://www.freibetto.org/> twitter:@freibetto



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Movimentos e pastorais de Paragominas participam de formação sobre a Campanha da Fraternidade 2013

No dia 03 de janeiro aconteceu no Salão da Paróquia Sagrado Coração de Jesus a formação sobre a Campanha da Fraternidade 2013 (CF) proposta pela CNBB (Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil), e que traz como tema “Fraternidade e Juventude”, e lema “Eis-me aqui, envia-me! (Is 6,8). Este é um momento importante para a igreja uma vez que é o momento de aprofundar e conhecer melhor o que a Campanha da Fraternidade sugere como missão e desafio, junto à sociedade. 

A formação foi coordenada pelo Pe. Ari, que de forma dinâmica e interativa trouxe elementos importantes sobre a campanha, como seu surgimento nos anos 60 quando três padres responsáveis pela CÁRITAS resolveram fazer uma campanha para arrecadar fundos para obras de assistências sociais para ter dioceses, e ao longo dos anos estendeu por todo Brasil. O período de realização, ao longo da quaresma, com o objetivo de propor um itinerário de conversão pessoal, comunitário e social, tendo em vista determinado problema que afeta a sociedade, no caso da campanha deste ano, que terá como missão fazer uma reflexão junto à sociedade quanto aos problemas que afeta a juventude vulnerável em relação a nossa estrutura social geradora de desigualdade, de exclusão e violência neste contexto de mudanças de épocas em que vivemos, acolhe-los propiciando caminhos para seu protagonismo, apresentando alternativas significativas na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e de paz. 

O evento é parte de um conjunto de ações a ser realizadas pela Igreja Católica ao longo deste ano que subsidiará os trabalhos dos movimentos, pastorais e comunidades de Paragominas-Pa no seu trabalho missionário, tendo como foco a juventude.